Menu



ALGUMAS CRÍTICAS SOBRE A OBRA 





"Eis um primeiro livro que absorve a linhagem dominante do chamado romance histórico e procura o leitor através de mecanismos  assentes na informação doseada, no jeito efabulatório e numa lhaneza de escrita não raro à medida da oralidade.

Alexandre Rocha reuniu documentação sobre um período dado das Histórias de Portugal e do Brasil, entre os séculos XVIII e XIX, compôs personagens, reconstituiu cenários e atmosferas segundo requisitos do género, pôs factos e fantasia no vasto percurso da narrativa. Com desenvoltura, atenção aos panoramas de enquadramento e a toda a casta dos pormenores que entendeu pertinentes, sentido dos ritmos, revelando zonas obscuras e mais conhecidas de uma era em que Bocage surge no tumulto. E confere a Miguel Herculano, o seu herói num sobressalto afectivo e ontológico, a expressão policroma de quem enfrenta interregnos e mudanças, indecisões, fugas, lances sucedidos e falhados. De certa feição, o autor reencontra a Conspiração dos Fidalgos, a corte de João VI e temas  que recolhe na época para projectar interrogações que são também as dos dias que passam.

Neste ou noutros domínios, Alexandre Rocha propõe-se como ficcionista a acompanhar com  expectativa e interesse."


José Manuel Mendes
Presidente da Associação Portuguesa de Escritores






A curiosidade em ler este livro revelou-se após ler a sinopse e descobrir que o autor era português, pois eu gosto imenso de ler obras de novos autores portugueses e, por isso, este foi um importante factor na minha escolha.

Miguel Herculano é a personagem principal de toda esta história. Nascido no Brasil, é uma criança curiosa por tudo o que o rodeia e desde cedo apresenta um grande sentido de responsabilidade e vontade de descobrir novos mundos. Vivendo numa época em que todas as pessoas de pele escura eram escravos dos senhores das grandes casas senhoriais, Miguel cresceu entre estas pessoas, aprendeu os seus costumes e viveu separado entre a educação dos pais e a educação destes escravos que trabalhavam para a sua família. Se por um lado aprendeu a sentir-se superior a eles, mesmo que fosse algo que não fora propositado, por outro aprendeu a respeitá-los e até mesmo a admirá-los.

Sendo o intelectual da família, através de alguns contactos que esta tinha, acabou por conseguir um posto importante em Portugal e partiu assim numa jornada para este país irmão e desconhecido. Tendo vivido um grande azar, Miguel acaba por naufragar durante anos, mas quando regressa a Portugal é considerado um herói e sobrevivente e recebido com amor e alguma mágoa, acabando por descobrir inúmeras intrigas neste Portugal que tanta curiosidade lhe despertava.

Acho que o grande ponto em todo este livro foi, pelo menos para mim, toda a influência que a convivência com os escravos teve na vida de Miguel Herculano e o que esta convivência criou na personagem. Como moldou a sua maneira de ser e pensar. Tal influência começa por ser descrita na primeira parte do livro, a parte em que conhecemos a personagem e em que conhecemos a cultura daqueles tempos, essencialmente no Brasil. Esta é uma parte cujas descrições são imensamente para nos situar no romance em si, para ficarmos a conhecer mais profundamente as personagens e os seus desejos e tudo o que daí virá. Um ponto que também começa aí a ser desenvolvido é o grande romance que Herculano começa a desenvolver por uma belíssima rapariga da sua terra, que prometera esperar pelo seu regresso, quando este vai para Portugal, algo que vai moldar a sua forma de pensar das pessoas no futuro.

Na segunda parte do livro temos um grande descrição de Portugal, tendo havido nesta parte um tópico que me marcou imenso, mesmo eu sabendo que é uma realidade que existia e ainda existe hoje em dia, a injustiça judicial. Esta injustiça judicial existente no final do livro para com o nosso personagem é muito intrínseca na segunda parte de toda a história, sendo a partir daqui que o nome do livro vem, pois Miguel acaba por ser envolver involuntariamente na conspiração dos fidalgos, o que lhe provoca problemas com a lei.

Um livro que apenas pecou para mim numa coisa, na escrita. O autor não escreve mal, longe disso, mas houve algo na escrita que embora por vezes me fizesse querer continuar a ler, por vezes chegava a cansar-me um pouco e a ter que parar. O final foi muito diferente do que esperava e interessante, acabando por me deixar um sorriso nos lábios.


Vanessa Montês
Blog "Bloco de Devaneios"






"A compreensão do que aconteceu em Portugal e no Brasil no fim do século XVIII início do século XIX é fundamental para a compreensão da história destes países nos séculos XIX, XX e XXI. E este romance ajuda-nos a compreendê-lo. Gostei mui-to!

Agora que o título é um pouco enganador… lá isso é!

E é-o porque a “Conspiração dos Fidalgos” não é senão um dos episódios da vida do herói, o bahiano Miguel Herculano Bastos da Costa, nascido em 1781 no Engenho de Nossa Senhora da Conceição, na antiga Capitania da Bahia, e falecido em 1853 no Convento de Santo António, no Rio de Janeiro.

E o nosso herói teve uma vida aventurosa, olá se teve! Da primeira vez que tentou atravessar o Atlântico naufragou, mas depois atravessou-o quatro vezes… e mais… e mais… incluindo a “Conspiração dos Fidalgos”…

Mas o que mais me divertiu foi a descrição das venturas e desventuras de um bahiano no Reino, Portugal, que não pude deixar de as comparar com as venturas e desventuras de um angolano na Metrópole, Portugal, as minhas venturas e desventuras... e não é que há muita coisa que está, estava em 1964, talqualmente na mesma?

A linguagem é rica e curiosa (nem é bem o português de Portugal, nem é bem o do Brasil, pelo menos aquele a que estamos habituados…) e a edição paperback cuidada. A ler!"

Álvaro Athayde
Leitor, Coimbra 





Sem comentários: